Dói lentamente como veneno, prende a garganta e faz os olhos
incharem. Estomago irritado e a única sensação saborosa é a dor na vista ao
sair uma lágrima. A árvore cheia de vida me deixa com a vontade de estar morta
e almejar a alma com um toque de sangue.
Aquele sabor que se assemelha ao cheiro de terra molhada. Acho que quero
as duas coisas ao mesmo tempo no meu enterro, chuva e hemorragia constante.
Acho que me sentirei mais viva do que estou agora, como se não tivesse pulsação
e nem sangue bombeado no coração.
Sinto minha gastrite conversar comigo, dizendo como se sente
depois de um litro de café mal passado. Mais
café do que água e açúcar. É assim comigo, muito de mim e menos de mim
mesma.
Uma junção na qual sempre haverá excesso demais, e o efeito
de me manter acordada, por mais que eu queira dormir, nunca será o mesmo. Eu
não quero, mas meu corpo é preguiçoso.
Eu me alimento de inveja nesse exato momento por não
conseguir ser aquilo que alguém conseguiu. Encho-me de raiva por não ter conseguido.
Fraquejo ao desejar o pior pra todos nesse exato momento.
Agora minhas lágrimas dançam enquanto eu observo as árvores
de minha janela, rindo de como eu não consigo mover-me. O vento passa
entrelaçando nas folhas, assim como o fogo da minha imaginação destrói toda
minha visão.
Eu amo essa árvore, eu a amo por detestá-la. Eu cumprimento
toda aquela vista com minha ingratidão. Afinal, é por conta dela que sei onde
estou, pois viajo constantemente em mim.
Mutilo-me com pensamentos os quais eu gostaria de exorcizar para
fora de minha cabeça, para fora da minha alma.