Triste sensação de acordar e me sentir estranha, como
aqueles dias em que acordo e vejo que perdi o dia todo e só me resta a noite
calma e silenciosa.
Pode ser que por conta disso por fora eu tenha me acostumado
assim, pode ser que por isso por dentro aproveito a noite para fazer minha
bagunça. Bagunça noturna.
Inexplicavelmente é uma forma que tenho para pedir ajuda em
todas as cores e religiões por essa agonia, pra que esse desespero não se
repita no dia seguinte ao acordar. Por esse rumo perdi a saída, um bloqueio
devastador em meu pensamento mais claro.
A insaciável morbidez acabou me acostumando, já não consigo
distinguir se estou sonhando ou se as coisas a minha volta estão mesmo
acontecendo. Por mais que faça um sol que arde a pele só de respirar.
Os dias parecem inacabáveis e insuportáveis, a culpa é dessa
espera louca por algo que não se sabe o que é. A espera cansativa de que tudo
acabe só me consome a cada noite mal dormida, e o positivismo me anima por
algumas horas, até dias, meses....Mas quando não me falha a memória, percebo
que se passou a vida por mim com seu tempo turbulento.
A pouca certeza que tenho é que se não consigo me livrar do
que temo, preciso passar a entender melhor o que me tira o controle. Para que
enfim eu possa conviver com tanta desunião entre meu coração, alma e
pensamentos. Da forma suportável.
O meu preço é saber em que ocasião me desfazer. Aceitação é
um ato mais corajoso que consigo fazer no momento, é o que precisa ser feito.
Meus dias então serão assim, estranhos, sem rumos até que eu consiga entender do que se trata.
O fato é, ter cuidado para não gostar desse veneno ao ponto
de morrer de cegueira. É um risco que corro a partir de hoje, porque agora essa
sou eu, uma completa estranha.