As tardes de outubro que duram uma vida,
A menina com as borboletas dançarinas em seu estômago,
O vento que penteava seu cabelo longo e leve como uma pena.
A rede que acompanhava cada impulso dado pelas pernas.
A janela que conversava com a vida lá fora,
A chuva que rodopiava seus pingos em cantoria,
A arvore que sorria com tanta alegria em suas folhas,
O tempo que contava histórias em cada balançada de rede,
O quarto silencioso que falava mais que um quadro abandonado.
As tardes de outubro e seu ser eterno,
A menina que sonhava com um elefante azul de emoções,
O vento que passava com calma suavizando o seu rosto,
A rede que crescia a cada ritmo que perdia.
A janela tristonha já não fala mais,
A chuva que se desapontava com o tempo,
A arvore que chorava suas folhas secas ao chão,
O tempo que andava em câmera lenta,
O quarto que perdia a cor.
A tarde de outubro que durou a vida toda,
A menina que adormecia com malemolência,
O vento que tropeçava com seu hálito frio e solitário,
A rede que segurava no colo a menina.
A janela que fechara,
A chuva que cantava,
A arvore que suspirava,
O tempo que parara,
O quarto que dormia.