2:00 a.m marca o relógio, sem querer acordei com o temporal
que caía lá fora.
A janela com suas sombras dançando entre o reflexo das luzes
da rua e os pingos de chuva que caíam respectivamente invadiram meu quarto. Ao
olhar pela janela, vi que a cafeteria da esquina estava aberta, sem que o
acordasse, fui de encontro com o momento.
- Um café, por favor! -Pedi a garçonete, com a cara
melancólica, ela portava uma foto de um homem com a cara de malandro, logo no
bolso abaixo no avental. Devia ser seu namorado, pensei.
-O café, senhorita!
- Obrigada! - Respondi sem demora.
Observando a minha frente, um rapaz sentou-se a mesa que
fazia de companhia a minha. Seu olhar penetrou no meu, e os dentes a mostra me
deu uma cerimônia. Assenti que sim. O rapaz havia se sentado na minha mesa. Não
nos falamos por uns minutos, o café esfriava e a chuva não parava.
- Você vem sempre aqui? - Não conseguia pensar em nada
melhor para perguntar!
- Não! E você? - perguntou se fechando.
- O que você faz aqui? - Perguntei engolindo a pergunta que
havia me feito. Ele riu desconcertado, triste, mas mesmo na invasiva que fiz,
respondeu sem que o silêncio voltasse a nos invadir.
- Fui pedir para que ela voltasse comigo, minha ex. Eu sei,
parece patético não é?
- 2:00 da madruga?! - No olhar daquele homem dava-se para
ver aquela mulher em que o atormentava as lembranças.
Assenti que sim, e demos risos.
- Sim, é patético! - E o silêncio outra vez nos incomodava.
- Meu namorado mora naquele prédio do outro lado da rua!
- Sorte a nossa, não é? - E os olhares não se cansavam.
- Estamos fechando! -
Comunicou a garçonete do café, acabando com a festa dos solitários.
- Eu pago! - Disse ele sem que eu pudesse o alcançar com uma resposta. E ainda perguntou:
- Posso te acompanhar? Digo, até o outro lado da rua?
Não via problema em deixá-lo me acompanhar. Pobre homem,
pensei!
Assenti que sim. O frio me tomava conta, atravessamos a rua
e logo naquela melancolia agradeci.
- Espere! - Disse sem que ele fosse muito longe. Ele se
aproximou sem entender. Eu o beijei no rosto. Ele me abriu um sorriso amarelo,
como quem quisesse desabar ali nos meus braços. Não o vi mais, mas eu sabia que
precisava estar ali, naquela noite. Fiquei com uma estranha sensação de que o
conhecia em outra vida.
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