Um calor que esquentava minha roupa e descarregava suor do pescoço ao meu umbigo como um amor que se espalhava do umbigo ao mundo e cegava os olhos de quem nos via. Estava certa em saber que nada poderia ser mudado, não saberia dizer se seria bom ou ruim, há uma grande verdade dentro de uma grande mentira da qual eu vivia, mas não era hora de debater esse assunto. Embora os prédios velhos de uns séculos atrás deixavam transparecer que poderíamos adormecer no tempo e permanecer no mesmo lugar contando as mesmas histórias e presenciar histórias de tirarem o folego. Essa tarde passava calma, mansa, sem nenhuma preocupação, pessoas tomavam seus sucos, cafés e o que demais haviam em seus pedidos. O centro da cidade era um lugar brilhante, pessoas simples e expressivas circulavam sem notar umas as outras. Todos eram iguais com os mesmos direitos, com suas situações do dia a dia, os bares lotados, os varejos alegres e a velha guarda na praça jogando xadrez. Parecia até que eu estava nos anos 50 ou aproximadamente. Conseguia ver as crianças brincando perto da fonte e os jovens flertando perto do cinema. Me vinham as lembranças que eu nunca tive, mas que gostaria de tê-las tido. Mas a única coisa que guardei dentro do meu bolso foi o que as pessoas chamam de relógio e eu o chamo de tempo perdido.
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